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Considerações percepções acerca da prática do Aerial Yoga

Considerações percepções acerca da prática do Aerial Yoga

Ana Luiza Cencini Polisel | @viaindigo

 

Aerial Yoga, Yoga Aéreo, Yoga no tecido, Silk Yoga, Antigravity Yoga… tantas formas de chamar esse modo transformador de praticar Yoga, que tem suas raízes na Índia, desde o século XI com o uso de um acessório chamado Mallakamb e que cada vez mais ganha espaço na atualidade. No fundo tanto faz o nome. O que importa mesmo é o que o uso do tecido agrega nessa prática milenar e na experiência de autodescoberta, de vivenciar o próprio corpo, de se conectar com a essência e com o que está dentro de cada um.

O Aerial Yoga não pretende substituir outros estilos ou modalidades, mas extende e amplia os caminhos da prática para uma outra dimensão, em suspensão, aérea. O equipamento, feito de um material chamado Liganete, ou também Denier40, com dois pontos de ancoragem, em inglês chamado de Yoga Hammock, é usado como um acessório de suporte para as posturas, assim como são também usados, por exemplo, os tão conhecidos bloquinhos e cintas de Yoga.

Considerando que a base do método é sempre essa, o Yoga, que é uma prática contemplativa, integrativa e complementar a qualquer iniciativa para a saúde, com benefícios comprovados e reconhecidos, isso por si só já representa a possibilidade de acesso a inúmeros benefícios, como a conexão consigo mesmo e com a própria respiração; o desenvolvimento da consciência corporal global (propriocepção) e também dos corpos sutis, identificando melhor as próprias emoções; o relaxamento, acalmando a mente e diminuindo a ansiedade; o treino da concentração; entre outros. Ou seja, aunião e o equilíbrio entre corpo, mente, coração e espírito, levando à paz interior, à capacidade de apreciação, satisfação, gratidão, autoamor e autoconhecimento.

Além de tudo que já foi citado, o Aerial Yoga em particular, favorece ainda mais o alívio de tensões, principalmente na coluna, devido aos exercícios com tração e suporte do tecido e em posição invertida, aumentando os espaços internos, a mobilidade nas articulações, a flexibilidade, o alongamento, o alinhamento e a melhora na postura, sem contar os ganhos no fortalecimento muscular, com a calistenia, ao treinar a força através da sustentação do peso do próprio corpo.

Outro ponto muito relevante é que a prática com o tecido oferece também diversas propriedades terapêuticas, pois ao unir a alegria e a ludicidade da Arte do circo com o Yoga, através dessa licença poética, essa pratica física se torna tão divertida, que possibilita trabalhar o corpo sem monotonia, brincando. E só isso já é uma terapia em si, pois cada vez mais somos chamados a desenvolver uma postura séria diante da vida e isso cria um afastamento da nossa criança interior, esquecendo o que é brincar, se permitir explorar e rir de si mesmo, aceitar e acolher as próprias vulnerabilidades, pois o caminho é o destino e mais importante que o resultado é a experiência até lá. Nesse sentido, o Aerial Yoga cria um campo para o resgate desse contato com a criança de  cada um e revive o entusiasmo pela descoberta do que inspira e a fantasia de poder voar.

Terapeuticamente, trabalha também na direção da superação de medos, no desenvolvimento da confiança em si mesmo, na própria força, naquilo que nos está sustentando e no qual escolhemos nos apoiar, treinando entregar e soltar, podendo liberar até mesmo emoções bloqueadas, pois algumas posturas, como aberturas de peito que podem ser bem intensas e ainda outras, como aquelas dentro do tecido, que podem sugerir um casulo ou retorno ao útero, por exemplo, podem trazer à superfície antigas sensações reprimidas e oferecendo a oportunidade de abrir mão da rigidez e do controle, tão frequentes nos padrões mentais, aprendendo a confiar e explorando a suavidade e a leveza do ar.

Contudo, existem alguns pontos importantes a se observar, pois algumas contraindicações devem ser respeitadas: a prática não é indicada, principalmente no que diz respeito a posturas invertidas, para quem sofre de problemas cardíacos, pressão arterial desregulada, glaucoma, descolamento de retina, gravidez e período menstrual. Lesões nas articulações também devem ser consideradas e analisadas, caso a caso. Cada corpo é um corpo e cada um se comporta de uma forma. É preciso escuta e responsabilidade. Ser guiado por alguém experiente, que passou por um treinamento reconhecido, com certeza, diminui o risco de acidentes.

Pessoalmente, o meu encontro com o Aerial Yoga veio de uma busca pela reconexão comigo. E quanto mais eu caminho nessa direção, mais se confirma para mim o quanto é importante cultivar o que faz sentir satisfação em se ser, por mais estranho e irreverente que seja a sua inspiração, como pode ser por exemplo, se pendurar em um tecido. O importante é seguir o coração e a intuição! E pra saber o que faz sentir assim, é preciso se conhecer, se ouvir, ouvir os chamados da alma e se permitir experimentar.

Então, buscando o que era isso pra mim, percebi que o Aerial Yoga é algo que fez meu coração vibrar desde a primeira vez que vi em um vídeo na internet, em 2018 e que me proporciona retomar o contato com a minha criança interior, com os desejos da minha alma e me sentir casa, numa pratica natural para o meu corpo e que portanto, me permite saber mais sobre a minha essência e sobre quem eu sou.

Em 2020, decidi fazer a formação em Florianópolis, com a precursora do Aerial Yoga no Brasil, desde 2010, Sarah Clotworthy, porém a pandemia adiou os planos. Mas tudo acontece na hora certa! Em 2021, depois de me mudar pra Bahia, foi quando instalei o meu primeiro tecido, de forma muito simples, em um pergolado no telhado do sótão, sem nenhum furo no teto, diferentemente do que teria sido necessário se tivesse tentado isso antes, no apartamento em São Paulo. Ter o meu tecido e ter explorado ele bastante de forma intuitiva e empírica antes da formação, realizada em São Paulo também, sempre com a querida Sarah Clotworthy, em abril de 2022, com certeza fez com que eu chegasse no curso muito mais preparada pra receber todos os aprendizados e aproveitar ao máximo a experiência. Foi uma honra ter acessado esse conhecimento com essa ela, que é uma referência para o Aerial Yoga e pra mim. Valorizo muito a sua forma de conduzir esse processo e agradeço sempre por ter tido a oportunidade de participar da sua formação e vivido esse processo transformador.

Ao retornar a Itacaré novamente, em maio de 2022, dessa vez com essa linda bagagem, após dois meses comecei a oferecer aulas regulares no estúdio Maoli Haus, numa experiência mágica, bem em frente ao mar, que tem atraído cada vez mais morados e turistas e despertado uma nova paixão em muitos corações. Pra finalizar, gostaria de levantar aqui mais um aspecto sobre o Aerial Yoga que me desperta uma curiosidade e uma vontade de fazer novos paralelos, que é o ponto em que o Yoga e o tecido entram em contato com a ancestralidade feminina, com todas as mães, tias, avós e mulheres que vieram antes de mim que eram costureiras, modelistas, bordadeiras, tecelãs, além de todas aquelas que sempre foram responsáveis por todos os serviços de lavanderia e trabalhos manuais que sempre foram dirigidos para serem realizados pelas mãos de mulheres, que sempre estiveram a lidar com tecidos, linhas e lãs, medindo, cortando e colocando intenções a cada nó. Cuidando daquilo que envolvia o corpo de todos ao redor delas. No tecer das vidas. Acredito que de alguma forma exista um resgate e uma cura muito grande também em poder ressignificar tudo isso, usando esse mesmo material, o tecido, para uma prática de bem estar e autoconhecimento, com uma potência realmente transformadora.